As investigações para esclarecer os responsáveis pelos
incêndios criminosos em favelas de São Paulo estão nas mãos dos
empresários do setor imobiliário
10 de outubro de 2012
A
quantidade espantosa de incêndios em favelas no estado de São Paulo
levantou a suspeita de que está em marcha uma verdadeira operação
criminosa para expulsar moradores de determinadas regiões em favor da
especulação imobiliária.
Pesquisas
recentes demonstraram que a ocorrência desse tipo de incidente guarda
uma “coincidência” com a valorização imobiliária nos bairros que cercam
as favelas. Para investigar isso,
diante da pressão da população e das próprias vitimas, o Ministério
Público passou a apurar os casos e verificar a relação existente entre
os incêndios e as empreiteiras. No entanto, as investigações desde
inicio já demonstram serem uma verdadeira farsa.
Segundo
informações, os próprios membros da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) montada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar os
incêndios em favelas, são financiados por empresas ligadas à construção
civil e ao setor imobiliário, ou seja, os encarregados de investigar são financiados pelos investigados!
Para
se ter ideia, os seis membros que integram a comissão, juntos,
receberam mais de R$ 782 mil, segundo as prestações de contas
apresentadas para a campanha eleitoral de 2008. E em 2012, esse valor já
chega a quase R$ 500 mil em doações. Os valores totais ainda podem ser
muito maiores uma vez que muitas das doações estão registradas em nome
pessoal ou dos comitês financeiros dos partidos.
A
relação dos vereadores da Câmara Municipal com as empreiteiras e os
capitalistas do ramo imobiliário é bastante conhecida. Em 2008 a
Associação Imobiliária Brasileira (AIB) foi investigada por doações
irregulares de R$ 6,7 milhões a 50 candidatos e oito comitês de
campanha.
Trinta
dos 55 vereadores paulistanos poderiam ter seus mandatos cassados,
incluindo os membros da CPI dos Incêndios em Favelas Ricardo Teixeira e
Ushitaro Kamia. A ameaça de cassação também caiu sobre o prefeito
Gilberto Kassab (PSD) e sua vice Alda Marco Antonio, em 2010, por
captação ilícita de recursos, mas todos eles conseguiram reverter a
decisão judicial.
Não
é por acaso, que empreiteiras lideram o ranking de doações para as
campanhas eleitorais em todo o país há muitas décadas. As seis maiores
da lista (Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Carioca Christiani
Nielsen, UTC e WTorre) gastaram mais de R$ 69 milhões em doações.
O
ritmo de comissão também revela a indisposição de levar as
investigações adiante. Instalada em abril deste ano, a CPI realizou
apenas três sessões e cancelou outras cinco.
Dessa
forma, a CPI se revela como um verdadeiro circo para enganar os
moradores, as vítimas e a população sobre o que por de trás dos
incêndios criminosos em favelas.
A
população, portanto, não deve criar nenhuma expectativa sobre os
resultados dessa CPI que, está sendo presidida por homens de confiança
dos empresários do setor imobiliário da cidade. Somente a luta da
população pobre e trabalhadora pode garantir o direito à moradia, que
deve se materializar na luta para que a prefeitura ceda aos moradores os
terrenos já ocupados, ali onde seja possível construir com segurança.
A CMP luta pela moradia popular, sob controle das comunidades, em defesa de projetos de habitação social com participação das mesmas, pra que o poder público não retire as famílias, e entregue os terrenos a especulação imobiliária nas grandes cidades.
Fonte: JPCO com adaptações
Fonte: JPCO com adaptações
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