sábado, 13 de outubro de 2012

CPI dos incêndios em S. Paulo é controlada pela especulação imobiliária












As investigações para esclarecer os responsáveis pelos incêndios criminosos em favelas de São Paulo estão nas mãos dos empresários do setor imobiliário

10 de outubro de 2012
A quantidade espantosa de incêndios em favelas no estado de São Paulo levantou a suspeita de que está em marcha uma verdadeira operação criminosa para expulsar moradores de determinadas regiões em favor da especulação imobiliária.
Pesquisas recentes demonstraram que a ocorrência desse tipo de incidente guarda uma “coincidência” com a valorização imobiliária nos bairros que cercam as favelas. Para investigar isso, diante da pressão da população e das próprias vitimas, o Ministério Público passou a apurar os casos e verificar a relação existente entre os incêndios e as empreiteiras. No entanto, as investigações desde inicio já demonstram serem uma verdadeira farsa.  
Segundo informações, os próprios membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) montada na Câmara Municipal de São Paulo para investigar os incêndios em favelas, são financiados por empresas ligadas à construção civil e ao setor imobiliário, ou seja, os encarregados de investigar são financiados pelos investigados!
Para se ter ideia, os seis membros que integram a comissão, juntos, receberam mais de R$ 782 mil, segundo as prestações de contas apresentadas para a campanha eleitoral de 2008. E em 2012, esse valor já chega a quase R$ 500 mil em doações. Os valores totais ainda podem ser muito maiores uma vez que muitas das doações estão registradas em nome pessoal ou dos comitês financeiros dos partidos.
A relação dos vereadores da Câmara Municipal com as empreiteiras e os capitalistas do ramo imobiliário é bastante conhecida. Em 2008 a Associação Imobiliária Brasileira (AIB) foi investigada por doações irregulares de R$ 6,7 milhões a 50 candidatos e oito comitês de campanha.
Trinta dos 55 vereadores paulistanos poderiam ter seus mandatos cassados, incluindo os membros da CPI dos Incêndios em Favelas Ricardo Teixeira e Ushitaro Kamia. A ameaça de cassação também caiu sobre o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e sua vice Alda Marco Antonio, em 2010, por captação ilícita de recursos, mas todos eles conseguiram reverter a decisão judicial.
Não é por acaso, que empreiteiras lideram o ranking de doações para as campanhas eleitorais em todo o país há muitas décadas. As seis maiores da lista (Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Carioca Christiani Nielsen, UTC e WTorre) gastaram mais de R$ 69 milhões em doações.
O ritmo de comissão também revela a indisposição de levar as investigações adiante. Instalada em abril deste ano, a CPI realizou apenas três sessões e cancelou outras cinco.
Dessa forma, a CPI se revela como um verdadeiro circo para enganar os moradores, as vítimas e a população sobre o que por de trás dos incêndios criminosos em favelas. 
A população, portanto, não deve criar nenhuma expectativa sobre os resultados dessa CPI que, está sendo presidida por homens de confiança dos empresários do setor imobiliário da cidade. Somente a luta da população pobre e trabalhadora pode garantir o direito à moradia, que deve se materializar na luta para que a prefeitura ceda aos moradores os terrenos já ocupados, ali onde seja possível construir com segurança. 

A CMP luta pela moradia popular, sob controle das comunidades, em defesa de projetos de habitação social com participação das mesmas, pra que o poder público não retire as famílias, e entregue os terrenos a especulação imobiliária nas grandes cidades. 

Fonte: JPCO com adaptações

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