terça-feira, 5 de abril de 2011

Julgamento de Gegê: noticias do primeiro dia


liberdade para gegê!

Ate esta edição de hoje 5 de abril, a cmp rj,  não temos maiores informações do julgamento do companheiro Gegê, que se começou na segunda dia 4 de abril. logo postaremos aqui novas  informações, seja um aliado da luta contra a perseguição política e a criminalização dos movimentos populares, acesse o blog lutar não é crime: http://lutarnaoecrime.blogspot.com/

 

do Blog Lutar Não é crime

SEGUNDA-FEIRA, 4 DE ABRIL DE 2011


Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados acompanha julgamento

Leia na íntegra nota publicada hoje pela presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Manuela D'Ávila:

Hoje e amanhã, o líder do Movimento de Moradia do Centro (MMC) de SP, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, deve ir a júri popular.

Gegê é um lutador histórico nas questões sociais e um defensor dos direitos humanos. Lutou contra a ditadura, foi preso e torturado ainda adolescente. É fundador do Partido dos Trabalhadores, da CUT e da Central de Movimentos Populares. Além disso, é uma liderança reconhecida no movimento de moradia, integrando inclusive na atualidade o Conselho Nacional de Cidades, do Ministério das Cidades.

Gegê está sendo julgado por suposta participação em um homicídio ocorrido em 2002, em um dos acampamentos do Movimento de Moradia no Centro de São Paulo (MMC), entidade filiada à ‘Central de Movimentos Populares’ (CMP). Este conflito não estava ligado com as reivindicações do MMC e nem com a dinâmica interna do acampamento, mas foi aproveitado para incriminar e afastar do local a organização deste movimento e o apoio às famílias acampadas.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados está acompanhando o julgamento, através da deputada do PT/SP Janete Pietá. Nós defendemos que Gegê tenha todos os seus direitos respeitados e que a verdade venha à tona.
Sabemos que a luta pelo direito à moradia é um dos direitos humanos e que não será por decreto ou por pura previsão normativa que os direitos se efetivam, os direitos se concretizam com luta e controle social e é isso que os movimentos sociais na prática estão a fazer, lutando para tornar o que está previsto em Lei em algo vivo e real e com isso estão consolidando o nosso Estado Democrático de Direito.

Estamos acompanhando atentamente este caso, para que não haja tentativas de criminalização dos movimentos sociais e para que o julgamento seja comprometido com a verdade.

Manuela d’Ávila
Presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

Juri de Gegê continua amanhã às 9h30

O juri do Gegê encerrou o primeiro dia por volta das 23h com a oitiva das testemunhas de defesa. Amanhã o julgamente continua às 9h30 e se inicia com Gegê sustentando sua inocência. O plenário 4 manteve-se cheio do início ao fim do dia de hoje. Vamos nos manter mobilizados. É importante a presença de todos!!!

Mobilização continua!!!

Às 21h, o Plenário 4 do Fórum da Barra Funda continua lotado em solidariedade ao companheiro Gegê. Agora o Juri está em intervalo para jantar. Até o momento foram ouvidas quatro testemunhas de acusação e quatro que sustentaram a inocência de Gegê, entre elas o cantor Chico César, que permanece no plenário, e o senador Eduardo Suplicy. Faltam ainda três testemunhas de defesa. O Juri deve se estender pela madrugada e ser finalizado apenas amanhã.

Altruísmo burguês

Para Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê
De Jonathan Constantino

Daremos o pão
………..a paz
………..a pinga
.Em troca de teu silêncio.
Daremos o teu salário
em dia (ou atrasado)
talvez um teto
………um meio de locomoção
………uma forma de lazer
Queremos apenas tua força de trabalho
e a riqueza que ela é capaz de gerar.
Teremos ainda
(sempre à disposição)
…………o pau
…………a pedra
…………as grades
Se por ventura supores
que podes reclamar.

http://versosnalinhadotempo.wordpress.com/2011/04/02/altruismo-burgues/


Concentração máxima no Fórum da Barra Funda

Movimentos sociais, sindical, estudantil e parlamentares ocupam na tarde desta segunda-feira (4/4) o Plenário 4 do Fórum Criminal da Barra Funda para acompanhar o juri e prestar solidariedade a Gegê. A sala com cerca de 50 lugares está lotada. Do lado de fora do Fórum defensores de Direitos Humanos mantêm vigília.

Os deputados federais Ivan Valente, Paulo Teixeira, Janete Pietá, a vereadora Juliana Cardoso, Jamil Murad e o ex-vereador Beto Custódio estão no Plenário. Estão presentes também representantes da Central de Movimentos Populares de Minas Gerais, Brasília e Ceará.

O juri começou com atraso. Estava previsto para às 13h, mas a sessão foi aberta por volta das 14h30. Neste momento o senador Eduardo Suplicy faz a defesa de Gegê, é a primeira testemunha a falar. Logo após as testemunhas de acusação terão a palavra e em seguida novamente as de defesa serão escutadas.

DOMINGO, 3 DE ABRIL DE 2011


Depois de oito anos impedido de viver com dignidade, Gegê já se diz condenado

Matéria publicada por Rede Brasil Atual (2/04)
Ouçam também:
A poucos dias de ir a júri popular, por um crime que, garante, não cometeu, Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, teme que sua liderança popular seja mais uma vez criminalizada. "Depois de me ver envolvido (num crime) sem sentido nenhum, porque eu não estava no local quando houve a desavença, eu não devo, mas temo", indica. "Querem calar a voz de quem não tem cidadania garantida", prossegue.
Gegê é uma das lideranças do Movimento de Moradia no Centro (MMC) e da Central de Movimentos Populares. Nesta segunda-feira (4), ele vai a júri popular, sob a acusação de, em 2002, dar carona ao assassino de um homem que morava no acampamento sob coordenação do MMC, próximo à avenida do Estado, na capital paulista.
O primeiro julgamento do caso estava marcado para setembro de 2010, mas foi adiado a pedido do representante do Ministério Público, responsável pela acusação. O promotor alegou que não conhecia todas as provas apresentadas pela defesa.
Em entrevista à Rede Brasil atual, Gegê disse que já se sente condenado há oito anos por um crime que não cometeu. "Para mim, já estou condenado depois de oito anos sem poder viver dignamente", diz.
"Eu jamais, jamais me permitiria tirar uma vida, ou dar carona no meu carro, a alguém que fizesse isso", afirma. "Na minha vida, a vida tem valor e não tem preço. Até um assassino deve pagar mas com a vida, vivendo longamente para pagar o que fez", sentencia.
Gegê conta os dias com esperança de virar a página dessa parte de sua vida, de prisões, acusações e injustiças, declara. "Tenho esperança ao avaliar que os jurados possam perceber que as acusações são na verdade contra a classe trabalhadora", apontou em entrevista à Rádio Brasil Atual. "Sou um cidadão indo a júri sem saber o porquê", lamenta. "Estou ansioso, sem dormir, nunca vi um júri", descreve.
Segundo a defesa, o autor do assassinato é conhecido e identificado, mas nunca foi preso nem processado. O nome não é mencionado, mas a situação reforça o argumento de que se trata de perseguição. "São muitos anos e até hoje isso não foi tirado a limpo", lembra.
Gegê é irmão do cantor e compositor Chico César e tem uma longa trajetória de militância social e sindical, como um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do PT e dos movimentos de moradia, acredita que, em parte, a acusação surgiu por sua ação contra o uso de drogas nos acampamentos do movimento. "Não admitimos drogueiro e drogados, nem violência contra mulheres e crianças."
Um grupo pequeno, segundo ele, que não fazia parte inicialmente do acampamento, mas que "foram chegando" ao saber da concessão do terreno pelo governo do estado, discordava da filosofia do acampamento. Eles teriam aproveitado o crime para desacreditar a liderança do movimento.
José Roberto, o homem assassinado, tinha histórico de alcoolismo e teria provocado um visitante que visitava o sogro no acampamento do movimento de moradia. Uma semana depois, o visitante retornou e matou José. "Dizíamos: bebeu não entra, mas ele pulava o muro e entrava", conta Gegê. "Ele dava muito trabalho para a coordenação local do movimento devido à embriaguez e acabou mexendo com o homem que o matou."
Embora o crime tenha acontecido em 2002 e no momento o líder sem teto não estivesse no local do crime, em 2004 ele foi preso, acusado de coautoria do crime, por uma suposta carona ao assassino de José.

QUESTÃO DOLORIDA

O acampamento onde houve o crime foi formado também em 2002, depois da desocupação de forma negociada com o governo estadual de São Paulo, do prédio do Banco Nacional, já falido, lembra Gegê.
O então governador, Mário Covas, concedeu um terreno próximo à avenida do Estado para o assentamento de 100 famílias. "Na área só havia sujeira e um esqueleto (de prédio). Nós limpamos em três dias e construímos alojamentos provisórios para o pessoal da desocupação", narra Gegê.
Em pouco tempo, outras famílias chegaram até que foi preciso limitar a construção de barracos. "Um grupo queria mais barracos, mas a luta é para o resgate da cidadania e da dignidade", relembra o militante. Pessoas externas ao movimento e que passaram a morar no acampamento discordavam das regras rígidas quanto a drogas e bebidas, mas, segundo Gegê, sempre houve uma convivência de respeito. "Quanto mais se enfavela, menos cidadania e dignidade as pessoas têm", ensina. Universitários também passaram a estudar o terreno e formas de viabilizar moradias nas áreas.
No dia do crime, Gegê chegou horas depois do assassinato e encontrou o irmão da vítima na entrada dizendo que ele não poderia entrar, porque se não morreria também. Policiais também já chegavam ao local, passaram pelo militante e em seguida retiraram o corpo. Naquele 8 de agosto de 2002, o líder do movimento dos sem teto do centro estava em uma ocupação na rua do Ouvidor, 63.
Depois da retirada do corpo, Gegê entrou no acampamento para ajudar uma mulher que passava mal e precisou ser levada ao hospital. O fato foi descrito no processo como se ele tivesse dado fuga ao agressor.
Em 5 de abril de 2004, Gegê foi a uma delegacia como testemunha da prisão de um bêbado, quando soube pela delegada que era procurado e detido no mesmo instante. Ele ficou preso por 51 dias. "Essa é uma questão dolorida. Nunca imaginei ir ao banco dos réus por um crime que jamais me permitiria cometer", diz emocionado.
Desde sua prisão e do surgimento da acusação, militantes dos movimentos sociais criaram o comitê Lutar não é Crime com uma campanha nacional pelo fim da criminalização dos movimentos sociais e populares.
O julgamento do ativista ocorre na segunda-feira (4), a partir das 13 horas, no Fórum Criminal da Barra Funda, e deve estender-se até a terça-feira.

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